agosto 08, 2005

Troque a vítima pelo buscador...

Rubia A. Dantés

troquevitima-Picasso-SanLazzaroetSesAmis.jpg Estava pensando como o momento que estamos passando é tão decisivo para cada um de nós e para o planeta como um todo, que deveríamos aproveitar todas as oportunidades de crescimento com profunda gratidão, quando me veio na memória a lembrança de um tempo que passou onde a atitude de uma pessoa querida me magoou...

Na verdade eu me deixei magoar porque nós é que decidimos o que vamos fazer com as coisas que nos acontecem...
Naquela época eu não tinha essa clareza e lembro que fiquei um bom tempo triste, me lamentando... julgando o acontecimento a partir da minha visão limitada. E aquilo ao invés de me aliviar só aumentava a dor... Confesso que fiquei na posição de vítima indefesa... Mas isso de nada adiantou...

Depois de muito insistir na mesma tecla e não ver nenhum resultado a não ser ficar cada vez mais triste e sem motivação, resolvi mudar a minha visão e buscar o que mais poderia haver naquele acontecimento que tinha feito com que me magoasse tanto...

Afastei-me um pouco de tudo, tentando olhar de uma forma mais ampla... e foi aí que entendi o que aquela situação toda estava querendo me mostrar... Ficou claro que culpando o outro e me colocando como vítima eu estava tentando me proteger de entrar em contato com o que o Universo estava me dando com tanta perfeição. Uma oportunidade de liberar um medo antigo e até então, inconsciente.
A partir dessa nova perspectiva, pude perceber que aquela experiência continha inúmeras oportunidades de aprendizado... e me indicavam um caminho que fez grande diferença, um caminho onde passei por mortes e renascimentos... de onde saí mais inteira... mais próxima de mim e do Todo...

Neste momento tão especial que o planeta está passando, onde cada um... na sua história pessoal, também está passando por grandes transformações... é importante lembrar que todas as situações que trazem dor ou algum incômodo também trazem a chave da nossa transformação....

Muitas vezes culpar o outro e ficar na posição de vítima indefesa são mecanismos que usamos para não entrar em contato com as nossas dores, medos, culpas... etc.

Hoje eu sempre procuro o outro lado da história... antes de culpar a Deus e o mundo pelas coisas, busco o que aquela situação está me trazendo em oportunidades de crescer e de me transformar em alguém melhor e mais feliz... o que conseqüentemente beneficia ao Todo.

Vamos perceber que esse é o melhor caminho quando, ao liberamos o que quer que seja que estava nos impedindo de caminhar ou limitando a nossa vida, as coisas começam a fluir com muito mais facilidade, porque ganhamos uma dose extra de energia que estava bloqueada por aquelas situações...

Essa postura aparentemente simples tem um poder enorme de mudar tudo... parece milagre quando trocamos o papel de vítimas sem ação pelo papel de buscadores de oportunidades de crescimento.

Uma coisa que também tem um efeito grande para nos tirar da posição de vítimas é lembrar que tudo o que passamos fomos nós que criamos através dos nossos pensamentos, palavras e atos e que ninguém é vítima inocente de nada... Estamos apenas colhendo o que plantamos nessa e em outras vidas... e isso faz com que escolhamos com mais cuidado o que estamos semeando no presente.
Penso que o Universo em sua infinita sabedoria e compaixão nos traz sempre, nesses rebates do tempo, o retorno das nossas ações, como uma nova oportunidade para que nos tornemos seres mais inteiros ao resgatarmos partes nossas que estavam presas nessas histórias antigas...

Nos liberamos... liberamos energia, que pode então ser usada com mais consciência... Luz e Amor.

Fonte: Somo Todos Um
[Imagem: Picasso, "Lazzaro et Ses Amis"]

Posted by Lilia at 12:56 PM | Comments (0)

'Evoluídos' sentem raiva só por um minuto

Emilce Shrividya

evoluidosraiva-AtanourDoganAngryBoy.jpg As escrituras do yoga dizem que uma pessoa evoluída conserva sua raiva por um minuto; uma pessoa comum conserva-a por meia hora e uma pessoa ainda não evoluída conserva sua raiva por um dia e uma noite. Mas uma pessoa cheia de mágoas lembra-se de sua raiva até morrer.

É humano sentir raiva, faz parte de nossa evolução, mas devemos esquecê-la rapidamente. Não devemos alimentá-la nos lembrando dela, nem remoendo acontecimentos passados, porque a raiva causa uma grande inquietude interior.

Somos as primeiras vítimas de nossa própria raiva. Ela nos queima por dentro, tirando nossa paz; obscurece nossos pensamentos, distorce nossas percepções.

A raiva acumulada, guardada um pouco aqui e ali, nos prejudica muito e nos afasta de Deus, de nossa verdadeira essência divina, de nossa bondade e compaixão.

As pessoas pensam que alguém ou algo lhes provoca raiva, mas essa raiva já existe dentro delas, é criada e mantida por elas. Se você sente raiva, não pode culpar a ninguém a não ser você mesmo.

Aprenda a lidar com a raiva
É necessário aprender a lidar com a raiva e nos livrar de seus efeitos negativos tanto físicos, mentais e espirituais.

Como o desejo está muito ligado à raiva, é importante quando sentimos raiva perguntar a nós mesmos o que queremos desta situação que não estamos conseguindo. Isto cria uma mudança em nosso foco. E em vez de ficarmos presos na raiva, nós a observamos. E logo depois, podemos perguntar a nós mesmos de que outra maneira podemos conseguir o que queremos. E podemos perceber que idéias alternativas surgem na mente e isto melhora nossa frustração e diminui a raiva.

Existem pessoas que gostam de ficar com raiva. Sentem satisfação, poder e liberdade quando têm explosões de raiva. Acham que até aliviam as tensões, mas depois se culpam e lutam para controlar isso. Ajudaria muito se elas entendessem que mesmo que possam sentir alívio no momento, isto não funciona. A raiva apenas escraviza, e é prejudicial tanto fisicamente, psicologicamente e espiritualmente.

Porém existem momentos que a raiva é incontrolável e nem temos tempo de nos fazer perguntas sobre o que queremos. Nesses momentos, não é possível sentir desapego, ficamos presos completamente. O que podemos fazer?

A melhor saída
A melhor saída é sair da situação, dar uma volta, se afastar do ambiente ou da pessoa, tomar um copo de água, respirar algumas vezes profundamente, lembrar-se de Deus, do mantra.

Depois quando nos acalmarmos, podemos voltar e lidar com o assunto de uma maneira mais equilibrada, sem ofender e magoar os outros; sem nos desequilibrar.

Quando falamos de uma maneira tranqüila sem raiva, o outro pode até nos entender e ouvir melhor, mas quando falamos com raiva só criamos mais conflitos e desarmonia.

Para se afastar no momento da discussão ou apenas ficar calado até se acalmar é necessário humildade. Quando estamos com muita raiva, queremos que a outra pessoa admita que está errada e isto é orgulho. Esse orgulho impede que nos acalmemos. Mas se você admitir que dissolver a raiva é mais importante do que provar que o outro está errado, você sente a humildade que lhe liberta da tirania da raiva.

Todos os inimigos internos alimentam uns aos outros e se estamos presos no orgulho é mais difícil lidar com a raiva. A humildade nos ajuda a testemunhar o que está acontecendo dentro de nós.
Em vez de guardamos raiva por horas, ou dias, podemos largá-la logo e evitar assim muitos momentos de sofrimento. Basta não alimentarmos essa raiva, não remoendo e lembrando acontecimentos passados. Se voltarmos nossa atenção para outras coisas e para o momento presente, ficamos livres da raiva e podemos ter momentos felizes.

A raiva acumulada desde a infância gera a depressão que tira a alegria de viver. Hoje em dia muitos médicos receitam remédios para depressão que podem até aliviar um pouco os sintomas, mas enquanto a pessoa não for na causa verdadeira da depressão, ela vai ficar sempre dependente e triste, pois depressão é uma doença da alma.

Como diz a Bhagavad Gita, uma escritura do Yoga:
Aquele que é capaz de suportar, aqui na terra, a agitação que resulta do desejo e da raiva, é disciplinado; ele é verdadeiramente um homem feliz.[5:23]

Cultive emoções positivas
Porém não podemos nos libertar da raiva simplesmente suprimindo-a. É necessário cultivar com constância os antídotos da raiva: a tolerância e a paciência.

Perceba em sua vida os efeitos benéficos da tolerância e da paciência e perceba também os efeitos destrutivos e negativos da raiva, dos ressentimentos e mágoas.

Estas contemplação e conscientização vai lhe motivar a desenvolver esses sentimentos de tolerância, paciência e aceitação além de fazer com que você tenha mais cuidado em não alimentar pensamentos de raiva.

Para ficarmos livres desse inimigo interno tão destrutivo que surge de uma mente insatisfeita e descontente, é essencial gerar o contentamento interior, a gratidão e o entusiasmo; cultivar a bondade, a benevolência e a compaixão. Isto vai produzindo serenidade mental que impede a raiva de se manifestar.

A prática regular da meditação nos ajuda muito a dissolver a raiva e transformá-la em paciência, aceitação, e o perdão surgirá espontaneamente. Com o perdão podemos abandonar os sentimentos negativos associados aos acontecimentos passados nos livrando das sensações de raiva e ressentimentos. Fique em paz!

Referências bibliográficas:
Encontrei a Vida- Muktananda, Swami- Ed. Vozes.
Lama, Dali-A arte da Felicidade-Ed. Martins Fontes.
Meu Senhor ama um coração puro- Chidvilasananda,Swami- Ed. Siddha Yoga Dham Brasil

Fonte: Vya Estelar
[Imagem: Atanour Dogan, "Angry Boy"]

Posted by Lilia at 10:56 AM | Comments (0)